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Chacina de Poção: júri condena três réus a até 101 anos de prisão após uma década do crime

Conselheiros tutelares e idosa foram mortos em emboscada motivada por disputa de guarda; julgamento de outros acusados ocorrerá em 2026

Por: Redação CBN

Dez anos após a Chacina de Poção, no Agreste de Pernambuco, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) condenou, na madrugada desta quinta-feira (11), três acusados pelo assassinato de três conselheiros tutelares e uma idosa, crime motivado por uma disputa de guarda de uma criança. Dois réus receberam penas de 101 anos e quatro meses de prisão por homicídio qualificado, enquanto um terceiro foi sentenciado a 12 anos e seis meses por homicídio simples.

O julgamento, realizado no Fórum Desembargador Thomaz de Aquino Cyrillo Wanderley, no Recife, ocorreu por desaforamento, medida adotada para garantir a imparcialidade do júri. O conselho de sentença, composto por quatro mulheres e três homens, ouviu depoimentos, incluindo o do delegado Erick Lessa, responsável pela investigação. A juíza Maria Segunda Gomes presidiu a sessão. Apenas três dos seis réus previstos inicialmente foram julgados nesta etapa.

Foram condenados Égon Augusto Nunes de Oliveira e Ednaldo Afonso da Silva, cada um a 101 anos e quatro meses de reclusão por homicídio qualificado das quatro vítimas, além de Orivaldo Godê de Oliveira, pai de Égon, que recebeu pena de 12 anos e seis meses por homicídio simples do conselheiro Lindenberg Vasconcelos. As qualificadoras incluíram motivação torpe, emboscada e ações para assegurar a impunidade do crime. Outro envolvido, Wellington Silvestre dos Santos, já havia sido condenado em 2024 a 74 anos de prisão.

Três réus ainda serão julgados em 3 de fevereiro de 2026: Bernadete de Lourdes Britto Siqueira Rocha, avó paterna da criança e apontada como mandante da chacina; José Vicente Pereira Cardoso da Silva, ex-diretor da Penitenciária de Arcoverde e acusado de articular o crime; e Leandro José da Silva, detento que teria intermediado o contato entre Bernadete e os executores. O julgamento foi adiado após alegações de falta de defesa ou condições de saúde dos réus.

A chacina, registrada em 6 de fevereiro de 2015, ocorreu no Sítio Cafundó, zona rural de Poção, Agreste de Pernambuco, quando o carro do Conselho Tutelar foi interceptado e alvo de disparos que mataram a conselheira Carmem Lúcia da Silva, 38 anos; José Daniel Farias Monteiro, 31; Lindenberg Nóbrega de Vasconcelos, 54; e a idosa Ana Rita Venâncio, 62, avó materna da criança. A menina, então com três anos, ficou ferida, mas sobreviveu. As investigações concluíram que Bernadete buscava assumir totalmente a guarda da neta e também foi investigada pela suspeita de envolvimento no envenenamento da mãe da criança.

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Acervo CBN

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